Texto e poema de Márcio Fabiano
Na memória afetiva, Junho começa em março com a procissão de São José. No sertão baiano, os católicos cantavam rimas ao Santo carpinteiro, pedindo chuva para irrigar as sementes de milho. Em Junho, com a colheita farta, as rezas e canções são para o trio católico e tão nordestino: Antônio, João Batista e Pedro. Junho é meu avô acendendo a fogueira e minha avó ofertando a mesa farta. Desde menino, eu sempre olho para o céu nesse mês tão glorioso.
Junho
Estouros no meu coração
Olhos de mil cores
Bandeiras trêmulas
Ventos sopram dores
Olha o fogo menino- grita a senhora.
Junho
Lembranças na brasa ardente
Cinzas no meu pulso
Fé e fumaça
O menino pirraça
A velha acha graça
Junho
O velho acende a fogueira
João está dormindo
A comida está na mesa
João está pedindo
Os meninos fazem festa
João está dormindo
O balão está no céu
João está subindo
Para ver o menino Jesus,
que em seus braços de luz,
abençoa o Santo, o menino
e a festa.