Texto de CARU
Mainha vem do sertão do Ceará, lá do Cariri. Eu nasci no Portal do Sertão da Bahia. Em uma região divisa entre o agreste e o sertão, exatamente.
Existem coisas semelhantes àqueles que saem do sertão e vão pra cidade. A tristeza de dentro. O olhar longe, querendo buscar alguma coisa no meio do sol e da terra. A busca do aconchego da sua casa. A família. Os costumes. A mania de pendurar coisa na parede. Foto. Santo. Reza. Terço. Cruz.
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Eu acho que é como se fosse uma seleção natural. O caba – e quando eu digo caba, me refiro à mulher também – sertaneje antigamente tinha esse olhar longe pra encontrar o que comer e o que beber. Hoje a gente aperta o olho pra tentar ir vivendo no meio de tanta gente que não entende o que é esse lugar.
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Mainha me ensinou o café preto puro. A rapadura. A banana com farinha. A rede. E a força de uma mulher sertaneja que criou os 4 filhos sozinha. Costurando e trabalhando fora. Dormindo 3 horas por dia. A cabeça dela tem essa preocupação até hoje, às vezes quando sonha: “Cadê os meninos? Os meninos?” Era sonho, vó. Já passou.
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A resistência do sertão e a força do agreste. A gente tem no sangue.
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Photolhar do meu irmão, de um senhor de 60 anos de prosa com Mainha. A pele é da judiação do sol sertanejo.