Um cordel afetivo Revista Kuruma'tá, 4 de janeiro de 202130 de janeiro de 2021 Por Eduardo Maciel Olá, meus queridos kurumateires!É muita, nas muita felicidade para mim vir aqui hoje falar sobre cordel. Lembram que há tempos atrás publiquei uma entrevista com o grande cordelista Zé Salvador?Então. Ele escreveu um cordel inteiro falando da minha vida, com xilografia e tudo, e esse trabalho foi laureado como quarto colocado no concurso de cordéis de Fortaleza no ano de 2020.É puro afeto feito poesia, e por mais que seja bastante expositivo com relação a várias das minhas intimidades, me sinto em família por aqui, e vou compartilhar. Preparades? “O INCENSO DA POESIA BORRIFADONA VIDA DE EDU MACIEL *Deus no pretérito perfeito,no eco, do indicativomoldou de um barro sintéticoem três D no aplicativodo jeito que Ele bem quissem precisar de um motivo. .Foi no ateliê celesteque Deus com cinzel de ouro,esculpiu esse modelosem regateio de louro,chamou um casal do beme lhe deu esse tesouro. .Translúcida inteligência,– essa Inteligência Divina –juntou sensibilidade,com bastante adrenalinacom genes de boa estirpe,devolveu “autamenina” .Pai, Luciano Videira,se desmancha em alegria.Mostrando veia poéticanuma bela parceria,com Sueli Macieltornou viva a poesia.1No dia cinco de outubro,à fila dos nascimentos,– Eduardo Maciel –formava com mais “rebentos”,das mãos do Supremo Artistaganha um buquê de talentos. .No ano setenta e oito, (1978)na linda Rio de Janeiro,– não nasce – estreia o menino,do ventre duma Monteiro.Sueli chora e sorrirlhe dando o beijo primeiro. .Para os “Maciel Monteiro”foi alegria geral,a festa estava estampadadesde a ida ao hospital.O lar ficou mais bonitocom este ar maternal. .Um cheiro bom de alfazemadaquele quarto exalava,de forma que o incensopela casa se espalhava,gostoso, um cheiro de paz,banhando a quem visitava.2Porém, passou alguns anos,e o menino já crescido, a normal necessidade,houve, de ser inseridonos estudos, e foi feitodo jeito mais merecido. .Estudou num bom colégioaqui no Rio de Janeiro,o tradicional São Bento,dito, o melhor, brasileiro.Nos estudos foi zeloso, estudava o tempo inteiro. .Tão fissurado que era,que os pais para puni-lopor alguma traquinice,adotaram como estilotirar-lhe das mãos os livros,cobrando assim seu vacilo. .Os livros que sempre foram seus companheiros diletos,e disto ele se orgulhava,não eram amigos secretos.Os seus pais sabendo disso,usavam poder de vetos. 3As pequenas traquinagensnão eram de grande usança. No rígido ângulo dos pais,educação como herança,puniam mandando ao “play”pra ser um pouco, criança. .Para as artes já pendiadesde a sua tenra infância,mostrando o amor aos estudose pela sua constância,no agarramento aos livros,pra eles dando importância. .Foi no vasar da ampulhetaque o tempo se fez passar.MACIEL bem nos estudos,prestando o vestibular pra direito, se deu bem,com o primeiro lugar. .Isto na UFRJ,na colocação geral,dando-lhe o poder de escolha.Sendo mais perto o localdecidiu pela UERJ,que pra si foi ideal.4A faculdade inicia,agora em tempos agudos,por conta de trabalhardesacelera os estudos,mas não abandona o curso,os dois serão seus escudos. .Sempre foi muito aplicadoem tudo que fez e gosta.Foi destaque no colégio,se na vida tem proposta desempenha, e com vontadetodas as fichas aposta. .Nas andanças por empregotrabalhou na Air France,depois em consultoria, – foi quase como um “freelance” –também trabalhou na Vale,teve após, crise em nuance. .Esta crise se apresentaentre quinze e dezessete,e vem roubar-lhe o empregocom um preparado escrete;foi lhe consumindo os bens,vestida como vedete.5Não satisfeita, esta crise,o leva a consumaçãoe abuso de substâncias,subjugado a tensãocomeça um período brabode uma grande depressão. .Esta luta não foi fácil,brigou consigo e a razão,ganhou o “ego sum qui sum” .temperando a emoção,fez o toldado assentarcom a fala de exaltação. .Foi um anjo terapeuta,que há tempos lhe acompanha,que o fez partir pra a curaatravés duma campanha,com boa literatura:“use sem fazer barganha”! .Com afinco estuda a liçãosem determinar um prazo,procura lá nos primórdiosfaz viagem ao parnaso;dá conta, então, do recado,não é coisa do acaso.6São muitas experiênciasque essa vida nos derrama,pois é feito nau erranteque viaja e não reclama,ensimesmado, esse Aedo,agora as artes proclama. .Feito a nau que singra mares com borrascas e precipícios, queima os miolos de Deusque sempre faz sacrifícios,nas suas eternidadese o prendou com benefícios. .Trazendo para esse barcodiversos bons utensílios,Deus brinca de vez em quandoe muda esses domicílios,mas a nau nunca abandonae de desmancha em auxílios. .No endereço do silêncio traz a palavra não dita,neste lugar que é sagradoa criatividade habita,se concreta ou abstratanão tem na arte a desdita.7E despeja as sete corespintando o vocabulário,pois cada palavra usadase faz termo necessário,pega sons, cores palavras,os torna um só, voluntário ! .Manufatura os verbetes,faz rococó e alinhavos,traz arco-íris nas coresde longe não faz agravos;cirze bem seus argumentos faz com as artes conchavos. .Numa peneira ou funilpassa as onomatopeias,vocábulos mistura ao sonscriando novas ideiasideias novas criadasconquistam novas plateias. .Despejada em lisa fôrmaé som, imagem, é tela,pelas mãos do artista é feita,e no ato, Deus se revelano pensamento ou no traço,duma simples aquarela.8Seguindo a estrada dos sonhosou nas águas das lonjuras,não traz traumas encrostadoscriados em fundas luras,enterra seus zumbis vivos,vive as suas aventuras. .Na vivenda do retumboPoe eco profundo e cavo,reflexo do som grifadodo instrumento em conchavo,que se atreve a rubricarsem medo de ser agravo. .Sem agravo esse argumento fala de novos projetos,número sete, cabalístico,com livros irrequietos, são sonetos inovados que não são nada discretos. .Com amor ao diferentese liga, assina contrato,mistura o tradicionalcomo fez com “soneteto”e com o “sonetimagem”,este já serviu no prato.9Nos planos inda tem mais,“sonetilustra”, o terceiro,este fala com desenhos.E o próximo companheiro,é o “sonetom”, musicado,vai virar som verdadeiro. .O quinto é “soneterror”que vem cheio de suspense,o sexto é “sonetempero”,este, ninguém o dispense,pois traz um bom paladare nossa gula é quem vence. .O sétimo é o “soneteatro”,último dessa coleção,que será feito em monólogos.A sua composição é para ser encenadocom boa apresentação. .Também na Kuruma’táfaz suas publicações,contos, matérias diversas,e faz apresentaçõescom vídeos de entrevistas,nalgumas televisões.10Com esboços navegantesvisita o campo das artes,escreve com o mouse livrefazendo parte das partes,tem sua música inseridae dela não faz descartes. .Causando a perplexidadecom a visão de aventura,é premiado em concursos,em coletâneas, figura;já ganhou títulos e prêmios,com sua literatura. .Eduardo Maciel,um multimídia completo,tem bastante seguidorese este é um público seleto,nas mídias que ele atua,todos o seguem direto. .A sua verve é versátil,tem arte no coração:Veste, dorme e come arte, arte é sua diversão;prova disso é que ele a traz tatuada em sua mão.11E foi numa certa noitede autógrafos, pra ser exato,que conheci Macielpoeta E(du) “sonetato”,incrível criatividade,neste ele inovou de fato. .As artes que ele praticamostra o artista de fato,é de fato um bom poetae sabe tirar retrato;Faz um som com maestria,bonito sendo inexato . Nada que faz é perfeito,– daí, sua perfeição –dá recados criativose traz na palma da mão,do seu genes mais antigoa sua continuação. .No côncavo deste som,traz a feitura do amplexo,com imagem que rabiscapara servir de convexodepois dessa obra prontaaté Deus fica perplexo.” Eu achei o resultado final tão lindo e impactante, e ao mesmo tempo tão aderente, que acabei escrevendo um soneto para agradecer, vejam só: E para completar a alegria, o cordel vem com um prefácio escrito pelo grande cronista, escritor de mão cheia, que também já trouxe aqui para que o pudessem conhecer. Leiam por favor as palavras de Erick Bernardes: Da série: coisas que nunca imaginei que aconteceriam comigo. Espero que tenham gostado!Fiquem bem, fiquem com saúde! A CordelNordestePoesia