Texto de Toinho Castro
O livro Todo suicídio é um homicídio, do poeta Lupeu Lacerda, é uma festa literária. É isso que tenho a dizer desse volume que enfileira uma série de histórias, cenas, vivências, com algo de prosa e algo de poema, como se entre os dois não houvesse distinção, pois não há mesmo. Não nas páginas de Lupeu.
Lupeu tá lá em Juazeiro, Juazeiro da Bahia, e desse centro magnético, dessas ruas alinhadas de povoado que virou cidade grande, mas que ainda reserva o encantamento do pequeno, do provinciano, enquanto projeta-se em linhas de ônibus, edifícios, bairros que se espalham a perder de vista.
O poeta é testemunha da mudança, mas também da permanência. O poeta observa os acontecimentos que se dão, como num truque de física quântica, porque ele está ali a observá-los. Cada poema, ou história do livro, é feita de camadas, reflexos e interjeições. Mais que para a frente, para a próxima sentença, a escrita de Lupeu aponta para dentro, para o enlinhado de pessoas, diálogos, sustos, paixões, para dentro daquilo que a gente é e nem sabe.
Esse enlinhado em que a gente resiste ao peso da realidade, ou do que chamam realidade, e que talvez seja o discurso do poder a nos suicidar, dia a dia. Escapar desse ditame é o que Lupeu faz ao traçar em letras o cotidiano multifacetado de uma Juazeiro que é o mundo, que comporta e abarca os tempos tantos.
Gosto demais de ler Lupeu, gente! Como disse a ele, na conversa que tivemos, juntamente com Aderaldo Luciano, numa sessão do AoVivo Kuruma’tá (vídeo disponível aqui no fim do texto), ler esse livro é como viajar numa máquina de teletransporte quebrada, que te joga de um mundo para outro, de uma realidade a outra, que estica e encolhe seus átomos a cada virada de página.
Recomendo demais a leitura atenta desse livro, que tem essa capa linda do ilustrador Reginaldo Farias. É tudo um impacto só, uma porrada só. Todo suicídio é um homicídio, mais que uma afirmação, é uma provocação, um chamado ao pensamento crítico e às trincheiras dessa guerra contra à mesmice e o conformismo.
Abraço, Lupeu!
O homem velho androide solitário olha o olho da ave e espera a morte, a nave, a sorte. A canção do androide se desfaz na desfaçatez da tez do oitavo andar. O homem velho androide liga o liquidificador da dor multicultural e fica triste pela carona perdida e pelo roteiro não escrito de um filme com final absolutamente infeliz. Nada a dizer do quase tudo escutado. Nada a dizer da joia falsa no dedo. Nada a dizer da vertigem da viagem primeira. Nada a dizer do mais ou menos dito antes do primeiro café da manhã. O homem velho androide sonha um verso não escrito por Maiacovski. O astronauta blade runner não gosta de poesia. Senta olhando a chuva e espera a morte do homem velho androide. Da ave. A queda da nave. O astronauta sabe: a sorte é um planeta desconhecido.
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Minha genteee…como eu amei ler Lupeu?! E é um livro de cabeceira, de bolsa, pra ler a qualquer hora em qualquer lugar. É uma companhia maravilhosa!!
Adorei o texto, Toinho de Castro. Parabéns!
Ah! E amei a prosa de vocês ao vivo também.
Um xêro!!
Aninha querida,
que coisa boa danada da pessoa ler viu?
receba um abraço cheio de letrinhas de afeto e gratidão.
beijo.