Direto de São Luís do Maranhão, a poesia de Vinícius Veloso Revista Kuruma'tá, 1 de dezembro de 20211 de dezembro de 2021 Você conhece poetas, escritos, artistas? Pois se sim, a gente tá aceitando dicas de todo o Brasil! Mais uma vez, nossa amiga e poeta Micaela Tavares dá a dica da boa poesia maranhense para as páginas da Revista Kuruma’tá! E assim compartilhamos com você o trabalho bonito de Vinícius Veloso! O poeta segundo ele mesmo: Meu nome é Vinícius Veloso, tenho 32 anos, sou de São Luís – MA. Minha relação com a poesia tem por volta de 10 anos, o que coincide com a criação e a manutenção do meu blog de poesia (Papo do Poeta), que é um espaço em que eu considero seguro e onde eu posso ser livre para falar de todos os sentimentos que a vida me desperta. Gosto de falar principalmente de amor e de saudade, mas também da minha cidade, das pessoas que observo, de refletir sobre a vida… A poesia é ampla e ilimitada, e a palavra delata qual a obsessão do poeta. E agora sua poesia: Andar no Centro é um exercício de descobrimento Andar pelo Centro é diariamente um exercício de ternura gosto de observar os detalhes: desde a escadaria recém pintada até o sol que de tão presente chega a invadir a rua, e de repente aquele dia despretensioso começa a me chamar atenção então vejo o taxista ocioso vejo a vendedora de coco e velhinhos na praça discutindo os rumos da nação. Vejo os boêmios no mercado e o sorveteiro que assovia e canta boi, vejo os casais se amando as bandeiras ao vento cantarejando e lembro de junho que já se foi. Andar no Centro é diariamente um encantar-se e espantar-se com o que ronda a nossa vista, vejo uma vez mais o sol que ocupa e encobre a pista observo ao longe o desembarcar e o caminhar dos turistas, mas de perto a realidade grita observo pessoas passando fome e vários dizeres e protestos na parede que abriga poetas e artistas. Andar no Centro é diariamente um exercício de nostalgia, vejo crianças correndo pelas ruelas e empinando pipa vejo carne seca na janela e lembro de como a minha avó fazia, vejo os lavadores de carro escutando reggae (que ecoa longe e toca bonito), vejo a velhinha que caminha com dificuldade e em sua cabeça, uma tábua de pirulito. Andar no Centro é diariamente um exercício de pertencimento pois não importa para onde eu veja ou aonde quer que eu vá eu sei que aqui é o meu lugar! 04.07.2019 A flor do abraço A flor do abraço heliotrópica busca à luz do sentimento a perfeita localização um lugar onde não esteja a sós como as sépalas, cálices e pétalas que só funcionam juntas na inflorescência dos girassóis. A flor do abraço enlaçadora como se braços fossem sempre abertos e de prontidão estende suas folhas para que natural seja abraçar outra alma com o seu coração… Instante esse em que o tempo para Zera! E quando recomeça A flor do abraço já virou canção. A flor do abraço é a beleza do girassol é o “carrossel das abelhas” como diz o poeta em metáfora é a flor do sol que eu desejo sem aspas… 06.09.2018 Poema sobre o nada ou Tinha um prédio no meio do caminho O prédio atrapalha a minha visão a vontade de querer enxergar o mundo de azul de assistir às cinco e quarenta e cinco da manhã o pôr-do-sol ao contrário cinza alaranjado rosa amarelo em contraste à feia arquitetura que transforma pedra sem vida em colunas cimentadas que atrapalham a minha vista. Eu quero enxergar bisbilhotar debaixo das pedras que não têm, mas que abrigam: vida. Eu quero espionar o verde musgo das briófitas o desabrochar das borboletas o cochichar dos bem-te-vis a palavra voando fora da asa o milagrar de flores Eu quero atirar pedras no céu e acertar algum homem de pecado que dizem ser santo mas há um prédio no meio do caminho arranhando o céu sem carinho como um amontoado de pedras desperdiçadas que sequer abrigam musgo no meio do caminho há um prédio que atrapalha minha visão que tem nome de cidade europeia ou de um homem branco qualquer que minhas retinas fatigadas traduzem livremente: Ed. Dr. Zé Ninguém Nunca esquecerei desse acontecimento… Manoel de Barros me entenderia Carlos Drummond de Andrade também. 25.08.2021 Zênite solar Teu corpo é floresta tropical quente úmido esplendoroso dos pés ao topo é beleza viva jacarandá que faz sombra em meu corpo. Por ele passeio cuidadoso e admirador cubro-o de carinhos e beijos até chegar ao teu umbigo – que é a linha do Equador, centro imaginário do (meu) mundo que o divide em dois: um antes de ti, tempo passado e outro muito melhor, depois. Em minhas mãos tu escorres como seiva a precipitar-te de prazer molhando meus dedos como um céu emocionado quando começa a chover. Sigo percorrendo o teu corpo até o limite do solstício onde a vida tem fim e começo mas eu estou só no início, E o que eu tenho é amor para te dar teu corpo no meu corpo encaixados perfeitamente é meio dia é o zênite solar. 09.06.2020 O último suspiro Quando eu for embora deste plano não desejo lágrima nem despedida por todo o amor e poesia que respiro uma coisa só espero da vida: que seja um verso o meu último suspiro. 29.05.2016 A LiteraturaMaranhãoPoesia
Viver no Maranhão é como respirar poesia, a gente se encanta o tempo todo! Muito obrigado! <3 Responder