Invidea

Texto de Ana Egito —

O que o espelho não diz, fica grudado no aço,  morto por dentro, envenenado e sarcástico,  revela-se ao passar do tempo, bem depois de deposto o rei de seu posto,  qual rainha mesmo que cautelosa, não entregou segredos, desgostos, em cartas perfumadas e loucas?

O belo, tão atraente, sucumbe até mesmo a vaidade, reluzente como sorriso de moça,  espanta a timidez dos quase inocentes, o que não se pode dizer dos incapazes e desafortunados da criatividade, essa sim, desarvora-se e renasce ainda mais intrigante, indecifrável, deixando os olhares distantes como um efeito estelar.

Magras, as palavras se desfazem em pensamentos curtos, enquanto as qualidades naturais de seres extraordinários,  fluem num córrego natural de dar tons à vida, em cores, muitas cores, as que acalmam, seduzem, hipnotizam, algumas poucas, escondem-se na pele do homem, do lobo.

Nunca santa, um tanto rebelde, curiosa e não sabedora de tantos dotes divinos, amadureci nos tapas de espelhos ao meu redor, na inveja dos fracos que sempre cercavam a varanda florida, o dom há de ser ofício, por isso resisto,  a maldade nunca foi plantada,  em meu pensamento não cabe o que não seja sorrisos, os meus, ficam comigo, mesmo sendo breve o milagre, o infinito me parece ajustável e definido como a chance sempre presente. Entre reis e rainhas, é minha a coroa, ora de flores, outras de espinhos, a gente aprende mesmo é vivendo, costurando retalhos, um dia, hei de escrever um livro.

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