Independência Poética é uma série de entrevistas realizadas por LORENA LACERDA
Poeta de hoje: Danilo Lumiano
Danilo Lumiano, Poeta e agitador cultural de Irará-Bahia, já lançou os livros Nascedouro (2018), O atirador de Pedras (2019) e Necrobrazil (2022) usa a palavra como espada e escudo na luta por um mundo melhor
O que te inspirou a começar a escrever?
Com toda certeza, foi a vida, em suas mais diversas expressões, desde a cultura popular de minha terra Irará, há indignação com as questões sociais do nosso país, somado com uma forte conexão com a natureza e a espiritualidade.
O que você faz quando percebe que está com bloqueio para novas poesias?
Não me desespero, não sou do tipo de poeta que tenha uma rotina de escrita, busco uma rotina de leituras e experiências, é isso que me motiva a escrever os versos que gritam da minha mente inquieta
Seu maior sonho como escritor(a)?
Ser sustentado pela minha arte, que o que escrevo ajude a transformar pessoas e a sociedade, que minhas palavras levantem pessoas que já tenham desistido de seus sonhos.
Assunto preferido de escrever?
Por preferir, falaria das minhas conexões com o divino, do sobrenatural, de como é abundante a energia o universo, mas escrevo o que não pode se calar, então por isso as minhas ultimas publicações foram de poesias politico sociais
Um elogio para sua própria escrita?
Um apaixonado pelo ritmo do texto e o encontro dos fonemas
Já publicou algum livro? Quais? Caso não, tem planos?
Publiquei em 2018 o Nascedouro e 2019 o atirador de pedras pela editora Varekai e no ano de 2022 eu publiquei o Livro NECROBRAZIL pela Mondru Editora
Quais inspirações do cotidiano despertam sua escrita?
Acontecimentos do mundo, feiras livres e suas expressões, natureza em abundancia, e paixões
Qual dos seus poemas mais te define?
Calça de Veludo
Qual a parte mais fácil e mais difícil da escrita para você?
Nossa, a parte mais fácil é derramar as palavras iniciais da inspiração, a difícil é lapidar isso, para formar um texto coeso, potente e belo
Qual sua obra favorita de outro autor(a)?
Uma das obras que me transformou foi ler sobre a vida Eisten no livro de Humberto Rodem O Enigma do Universo. Mas não tenho obra favorita, adoro muita gente.
Um livro de Danilo Lumiano
Nome da obra?
NECROBRAZIL
Quando e em qual editora foi publicada?
Lançado em 26 de Novembro na Casa Gheto na Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP) pela Mondru Editora ( Goiás )
Existe um tema central nos seus poemas/poesias? Qual?
O tema central é o estado Brasileiro em necrose, onde narra um país que usa suas forças do estado para exterminar determinado tipo de população em meio uma pandemia.
As poesias são divididas em fases nessa obra? Se sim, o que te motivou a fazer isso?
O Livro é um poema único em narrativa presente, que é dividido por um conto em uma narrativa no passado.
O que te incentivou a escrever esse livro?
Fui provocado a escrever para um selo anti-fascista, estava fazendo uma oficina de escrita Híbrida com a escritora Mel Renaut, responsável também pela provocação, indignando com a situação do país e motivado pela nova habilidade adquirida, nasceu o Necrobrazil
É possível destacar uma poesia que mais se assemelha a seu cotidiano?
Como o livro é um poema único ele traz uma experiência de um cotiando triste de um nordestino isolado em São Paulo, enquanto o apocalipse vai acontecendo.
A sequência dos poemas conta alguma história?
Sim, o poema é um relato de dias desesperadores durante a pandemia no Brasil
Existe algum posicionamento político ou cultural na obra?
Sim, um posicionamento expresso no grito que Morre um preto a cada 23 minutos e que não podemos aceitar isso com naturalidade, o livro também aborda extermínio indígena, queimadas, desmatamento, e outros ataques sofridos por minorias.
Qual a relevância dos personagens implícitos/explícitos da obra?
A obra é uma narrativa de um artista nordestino, o que ele vê e vive é o ponto central da obra, um narrador personagem.
Qual a poesia mais marcante desse livro?
O livro é um poema único como já falei, porém tem um trecho antes da transição para o conto, que é uma citação de um poema do meu segundo livro que retrata uma ideia central do que é o livro Necrobrazil, e ele diz:
Nessa onda de BBB
Boi, bala e Bíblia.
A idade média
Parece viva
Pagando pato
Fazendo dívida
Batendo palmas
Pra genocidas
Tem veneno no ar
E no prato de comida
Devorando a terra
Ao molho de sangue indígena