O poeta disfarçado de publicitário, o caro amigo Amândio Cardoso, traz mais um colaboração para a Revista Kuruma’tá. Lá do Recife ele envia esse poema, esse fôlego que se toma para seguir em frente, para insistir quando tudo propõe descrença e desinsistências.
O país. O caos e as divisões, os abismos que se abrem diante de nós, dos nossos pés e não podemos cair. E nos resta o que? Resta-nos se sustentar no ar e encontrar uma voz. Amândio tem essa voz e nos fala aqui e agora. E do futuro? Asa.
Toinho Castro [Editor]
Poema de Amândio Cardoso
Asar
Asa para não voar
Para ser raiz
Asa de olho voado,
de ser não alado
Como asa de caneca
Asa assim de cão
Asa de imaginação
Para nada e pára tudo
Asa do Brasil que vaga
Se vendo dentro do chão e no vago ar pagão
Asa que voa no não
Asa que é divisão
E que finca pra asa teimar
Nunca no ar voar
Se é asa assim de voar
Assim quero asa pra ficar
Poema maravilhoso!
Por essas e outras, que estou cada vez mais ligada em Toinho Castro. Em Kuruma-tá.