Pequeno Dicionário de Arquétipos de Massa: A Arte da Guerra (para Marçal Aquino) Revista Kuruma'tá, 20 de dezembro de 201920 de dezembro de 2019 Texto de Fábio Fernandes Foto: Pxhere É assim: enfie a faca sempre abaixo do peito, três ou quatro dedos abaixo do centro. É nesse ponto que fica o diafragma. É o ponto mais macio dessa área, porque não tem osso. Enfiar um objeto perfurocortante no peito de alguém é algo que só pode fazer quem tem muita força no braço, senão corre o risco da faca ficar presa no esterno, e pra tirar não é fácil. Mesma coisa nas laterais. Acontece muito com baionetas. Se você enfia a baioneta no flanco de um sujeito, tem que ser abaixo das costelas, na região dos rins. Caso contrário, a ponta fica presa na carcaça do morto e você tem duas opções: ou deixa a arma onde está e corre o risco de uma corte marcial por deserção ou comportamento covarde em batalha – faziam isso muito na França, na época da Primeira Guerra – ou se arrisca a retirar à força e morrer tentando, porque logo vem um compatriota do cadáver e enfia a baioneta nas suas costelas. E aí começa tudo de novo. Entendeu? Enfie a faca sempre, mas sempre abaixo do peito. O sujeito vai sofrer, e não vai morrer na hora. Mas sem ar ele não tem força, e vai ficar incapacitado. Aí é só terminar o serviço com calma. E limpeza, que é fundamental. Entendeu tudo mesmo? Então pode ir. E não me volte aqui sem a cabeça daquele filho da puta. A ContoFábio FernandesLeituraLiteraturaPequeno dicionário de arquétipos de massa