Gente, tá chegando uma voz nova na Revista Kuruma’tá. Assim sendo a gente dá as melhores boas-vindas ao caríssimo Eduardo Maciel, poeta, artista múltiplo, que se encantou da nossa revista e agora, como encantado, vai escrever pra gente ler muita coisa boa aqui nas páginas eletroeletrônicas da Kuruma’tá!
Eduardo, seja muito bem-vindo! — Toinho Castro (Editor)
Texto de Eduardo Maciel
Verbo pronominal
conjugado na primeira pessoa e no passado. Usado para indicar ações
relativas ao sujeito que as pratica. No caso, eu sendo o sujeito. Eu
e meu pronome oblíquo, me apresentando como o mais novo colaborador
da revista. Muito prazer!
Antes de falar sobre mim um
pouquinho, preciso dizer que é com imenso contentamento que inicio
minha caminhada colaborando com a Kuruma’tá. Conheci a revista
através de uma querida que cuida das minhas obras com relação à
imprensa, a Andrea Drummond. E a partir daí venho devorando (quase)
todos os textos publicados.
E caso me permitam, gostaria de afetuosamente expressar o quanto me sinto agradecido pelo convite do Toinho Castro, que, além de ter escrito uma das críticas mais lindas sobre minha obra poética já lançada, me permitiu adentrar a boca do peixe.
Dito isso, vou contar para vocês um pouco da minha jornada até aqui. Tudo começou quando recebi de minha mãe um livro de poemas escrito pela minha bisa Auta, poetisa fluminense que fez parte da Academia de Letras de Barra Mansa. Infelizmente não a conheci em vida, mas ao terminar de ler o seu único livro, senti como se ali se abrisse o mundo da produção literária para mim, ao mesmo tempo em que se fechava a porta do que chamo de prisão poética: uma vez que se faz a conexão de uma mente, um coração e a poesia, nos tornamos servos de nosso próprio ofício.
Sim, independe até mesmo da minha vontade. Eu simplesmente PRECISO escrever. Da necessidade surgiu a inclinação pelos sonetos, muito embora eu não me resuma a eles. Mas então por que sonetos? Simples. Porque amo o desafio de encaixar pathos, emocão, sentimentos e percepções em métrica e rima fixadas em sua forma.
Descobri que desde o século XIII existiam dezenove tipos de sonetos catalogados, e pelo que pude pesquisar, não achei ninguém escrevendo em todos esses tipos no planeta! Se encontrarem alguém por favor me digam… Enfim… A essa altura, a prisão poética já não tinha ares de inclinação, mas sim de missão.
Foi então que decidi nadar contra a correnteza da poesia contemporânea e me colocar a serviço dos sonetos.
Tanto e com tanta vontade que criei eu mesmo um tipo de soneto para se somar com os demais e trazer para vinte os tipos em catálogo. Ainda não sei o resultado disso, porque o “soneto carioca” será inaugurado no meu próximo livro, a ser lançado ainda nesse semestre. Por outro lado, a arte não flerta comigo apenas na literatura. É por todo lado que ela se infiltra, e quanto mais me toma mais me entrego, com a humildade de saber que não sou eu a segurar a rédea, e sim o oposto. A arte que me monta, sem sela sem nada, o fazendo quando quer. E eu confesso: adoro.
Meu projeto envolvendo
os sonetos será uma cavalgada em sete temporadas, cada uma com
cinquenta episódios. Cada soneto um episódio, e cada temporada, uma
oportunidade de fazer com que os sonetos conversem com outras
linguagens da arte. Já temos duas temporadas nas prateleiras, que
alegria! Em outro momento conto pra vocês sobre esse projeto com
mais detalhe.
Por hora me despeço: me chamo Eduardo Maciel,
escravo da poesia e da prosa, mas também da música, da fotografia,
das artes cênicas e de tudo que possa ser invadido pelas águas
fluidas da cultura e da arte.
Kuruma’tando-me orgulhosamente.