Mainha Revista Kuruma'tá, 15 de dezembro de 202011 de março de 2021 Texto de CARU Mainha vem do sertão do Ceará, lá do Cariri. Eu nasci no Portal do Sertão da Bahia. Em uma região divisa entre o agreste e o sertão, exatamente.Existem coisas semelhantes àqueles que saem do sertão e vão pra cidade. A tristeza de dentro. O olhar longe, querendo buscar alguma coisa no meio do sol e da terra. A busca do aconchego da sua casa. A família. Os costumes. A mania de pendurar coisa na parede. Foto. Santo. Reza. Terço. Cruz.–Eu acho que é como se fosse uma seleção natural. O caba – e quando eu digo caba, me refiro à mulher também – sertaneje antigamente tinha esse olhar longe pra encontrar o que comer e o que beber. Hoje a gente aperta o olho pra tentar ir vivendo no meio de tanta gente que não entende o que é esse lugar.–Mainha me ensinou o café preto puro. A rapadura. A banana com farinha. A rede. E a força de uma mulher sertaneja que criou os 4 filhos sozinha. Costurando e trabalhando fora. Dormindo 3 horas por dia. A cabeça dela tem essa preocupação até hoje, às vezes quando sonha: “Cadê os meninos? Os meninos?” Era sonho, vó. Já passou.–A resistência do sertão e a força do agreste. A gente tem no sangue.–Photolhar do meu irmão, de um senhor de 60 anos de prosa com Mainha. A pele é da judiação do sol sertanejo. Foto: Nelson Oliveira A BahiaCaruCARUma’táCearáFeira de SantanaProsa poéticaSertão