A A lua lá fora Revista Kuruma'tá, 1 de setembro de 20201 de setembro de 2020 Hoje desci pra levar o lixo lá para o lugar do prédio em que o lixo espera, em estado fermentativo, até ser levado para o lugar onde todo o lixo do mundo se acumula e nos espera. Na verdade avança metro a metro sobre nós. Mas não é sobre isso que quero falar, e sim sobre descer as escadas desde meu terceiro andar até o térreo, de máscara, para me livrar do lixo e dar com aquele portal mágico que se tornou a porta da rua do nosso prédio. Lá estava ela, fechada, com seus vidros transparentes, através dos quais eu via a rua. [Texto de Toinho Castro] Continue Reading
A Um noite no ferro-velho de Bodoni Revista Kuruma'tá, 22 de agosto de 202024 de agosto de 2020 Sentamos eu e Ray, lado a lado, na beira do rio. Logo atrás de nós jazia um foguete abandonado, no ferro-velho do nosso amigo em comum, o sonhador Fiorello Bodoni. Da última vez que o vimos já estava doente… lá longe os foguetes, rumo a Saturno ou Vênus, riscavam o céu desde o horizonte num arco. Eu e Ray sorríamos feito crianças que, afinal, éramos. Brindamos com nossos copos cheios de licor de dente-de-leão aos foguetes, ao espaço e aos sonhadores, como Bodoni. [Texto de Toinho Castro] Continue Reading
A A letra A de Vinícius Terra | “Máscaras de azulejo escondem o desejo” Revista Kuruma'tá, 21 de agosto de 202021 de agosto de 2020 Eu não conhecia o Vinícius Terra, nem seu trabalho, e esse é o grande encantamento da arte… a descoberta. Estou sempre atento, de ouvidos e olhos abertos, para não ficar nadando no mesmo mar. E adentrar o mar que esse artista me abre hoje nesse dia frio e chuvoso, de um mundo em indefinida quarentena, é um alento de vozes e imagens. Um alento de palavras nesse país movido pela língua portuguesa… que eu já ia dizer que Vinícius usa como instrumento, mas não é isso, não é instrumento. É essência, coisa entranhada na alma e nas demandas da vida. [Texto de Toinho Castro] Continue Reading
A Agostos de Haroldo de Campos Revista Kuruma'tá, 19 de agosto de 202021 de agosto de 2020 Nas décadas de 1980 e 1990, lá no Recife, vivi de ler Haroldo de Campos, e seu irmão, Augusto. Contaram-me sobre o fim do verso, que eu tanto amava, sobre a temperatura informacional do texto, uma frase da Teoria da Poesia Concreta, que eu achava ser, justamente, um verso lindo. Eu tinha esse livro, da editora Brasiliense, que eu lia tentando compreender aquele novo mundo que se abria pra mim, tão longe de São Paulo, em tantos sentidos, que eu estava. [Texto de Toinho Castro] Continue Reading
A Astronautas Revista Kuruma'tá, 2 de agosto de 20204 de agosto de 2020 A imagem não é muito boa, há sempre algum ruído e a gente sente o esforço dos dados, dos pixels, para migrar entre nós, carregando as imagens de uns para os outros. O som é sempre um pouco metálico, estranho, sempre um pouco fanhoso, porque nossos microfones e altofalantes, ou fones de ouvido, não são mesmo grande coisa. Então enquanto eu converso com alguém, tento filtrar aquele som pela memória, a fim de recuperar a voz da pessoa. [Texto de Toinho Castro] Continue Reading