Fidalgo + 4 poemas de Jaciara Rosa Revista Kuruma'tá, 24 de setembro de 201911 de março de 2021 Na primeira publicação dessa semana, uma terça-feira em que a primavera ainda cheira a inverno, no levemente frio do Rio de Janeiro, a poesia de Jaciara Rosa, poeta e jornalista que já nos presenteou com seu texto Sobre pedras e rosas, e que muito ainda iluminará as páginas da Revista Kuruma’tá. Poemas de Jaciara Rosa Foto de Jaciara Rosa Viagem que não se sabia nem breve, nem longa Sejamos únicos, simplesmente nósPra fazer jus ao arranjo misterioso dos deuses que provocaram esse encontro. Agradeçamos com nossas delicadezas e corpos, e velas, incensos, frutas, folhas e flores, oferendas de amores… A viagem, palavra sua de encaixe perfeito,que seja fora do tempo conhecido, das conveniências e padrões Utopia? Que seja.Ganhamos o presente da reinvenção, isso deve querer dizer algo… E a mensagem mais preciosa, creio, está muito além de um gozo breve. universo em desencanto desapaixonei perdidamenteestou em estado de graça com esse feitomão na luva dentro do meu peito intensa, sorriorendo obrigadosando flutuandovi passarinho verde desapaixonei perdidamente pausa pro diário Um dia de ansiedade máxima me renderam até agora: cinco calcinhas e um biquini lavadosum cachorro imundo de chuva, limpo da lamadois quadros de fotos pregados na parede, um deles já cheio delasmuitas lembranças, um chorinho de autopiedade muita palpitação e, a ponto de infartar, duas releituras do livro de frases do Quintanauma ligação pro homem que quero, risos nervosos e insegurança e medoum poema enviado pra ele reconhecendo meu diletantismo nessa conquista cinco ou mais audições do disco do boca livre de 1980muitas mensagens escritas e áudios para o melhor amigoconversas boas com a faxineirauma coletânea da rita ribeiro enquanto escrevo mais esse textoum nhoque sem graçauma laranja cortada em quatroe, até o meio da tarde, foi assim… conclusão parcial dos fatos: nos feriados e apaixonada sou muito produtiva. fidalgo A ele meu agradecimentopara o todo desse homem saboroso e sutilfidalgo,alto,do alto dos seus novos pelos na carasoltodebaixoda sua nova roupa de linho alva A ele obrigadapela noite, pelo diapelas noites e diase manhãs, tardes e madrugadas de toda palavra confessada, ouvida e falada cantada, assobiadapelo silêncio que já conseguimos terpelas notas de sândalo na nuca dele, agradeço pelas notas que ele tocapelas notas que ele me tocaajoelhada, obedeço Desmedida-mente o desejo não tinha dúvidaera só uma questão de decidir qual santa clara?teresa? tenho nas coxas marcas leves de dedos que passaram por aqui com vontadeno lençol, o líquido das uvas negro amor tocando sem parar dentro de mim a vibração do tesão, da criação, do contato amoroso, da fome, os toques, texturas, falas, gemidos, a memória contamina os batimentos. ficou a partitura e o pedido preu tocar pra vocêpra cantar pra vocêachei lindo issovocê divide o palco e isso é raro ficou o pedido pra te levar no casarão da meditaçãoficou muita vontade de estar com você de novo,de ter mais cuidado, mais silêncio, menos álcool talvez, rs…me atrapalhei?será o que ele está pensando?será que tem vontade de me chamar pra sair logo?será que vai fazer a sessão de análise primeiro e me convidar depois?será que vai pirar de medo e sumir?O que será que será?… lembranças de muitas palavras, de sabedoria recém-adquirida, ainda tão novinha, frágil… histórias fortes compartilhadas em poucas horas, álbum de fámilia, que doido, não consegui controlar, fui falando, seu interesse, sua escuta, ele nunca diria que estava chato.agora sei, a medida é minhaserá que dá pra encontrar de novo pra fazer de novo, mas de outro jeito? Quero você por ser vocêNome com pedaço de instrumento no meioSuas cordas, minhas mãos, meus braçosSeus abraços Foto de Marcelo Nóbrega A AfetoJaciara RosaMemóriaPoesiaRio de Janeiro
Gostei do assunto de sua publicação, gostaria de ver se é pertinente de divulgar em meu site: link acima. Sds. Hermes Responder