“são sementes que enraízam na gente” — A poesia de Ana Amorim Fontana Revista Kuruma'tá, 7 de março de 20227 de março de 2022 O inbox é o centro nervoso da Kuruma’tá, é o ponto convergente da alegria. Sempre que o inbox dá um plim, corro pra ver quem tá chegando com poemas, crônicas, contos ou outras interações sempre bem-vindas. E foi no inbox que chegaram os poemas de Ana Amorim Fontana, paulista, 15 anos de idade, e poeta. Poesia começa cedo na gente. Quase em todo mundo. Tem gente que esquece; normal Tem gente que pega a pena e não larga mais. A Ana encheu a gente aqui de alegria súbita, não só por ter procurado a Kuruma’tá, mas pela qualidade e força do seu trabalho. E é com essa alegria, respeito enorme por uma jovem poeta tão vigorosa, que publicamos cinco de seus poemas, acompanhados de uma de suas belas ilustrações, pois ela é também versada no talento das artes visuais. Arte de Ana Amorim Fontana Pessoas vazias aqueles que não se entregamnão mostram seu sernão pensam em valoressó vivemessas pessoas não se dão a chancede se abrirde ver a si mesmode crescere florescerporque a vida é essa fiel desafiante do sere basta somente a elesaber o que os outros veemai que mora o perigoessa escolhagera medogera tamanha insegurançaao invés de germinaraos poucosse perdemmorrem sem percebere vaziassão essas pessoasque padecemsem versem saberque nada tem a oferecer Coisas enraizadas e seus antônimos a vida pode ser dividida em duasdas coisas passageirasoutra das enraizadasa primeira é quando pessoas entram e saementram rápidosaem aos poucosmas saemsão as ondas do maro sol que se põea vida de um lírioa felicidadeah essa passa voandocomo o pousar de um pássarouma hora se está felizna outra nãoisso tudo é coisa passageirao que é enraizado mesmoque vem de dentrodo buraco mais pequeno do seré o amora tristezaa raivasão sementes que enraízam na gentetoda gente tem o lado escuro e sombrio dentro de siassim como eu tenho enraizadodentro de mima vontade insaciável de falarde me expressarde por pra foranão guardo nada dentroisso tudo é enraizado no eu Caracol na mão é bicho devagarao colocar os olhosse deve ter calmaentender que se tem processoslevando em conta a não importância do ritmo alheioquando ameaçadoé rápidoporque ferir tem esse ritmocurar demanda tempojá machucararrancar, não Solidão não tenho a solidãonem o silêncio como amigospelo contrárioambos reforçam a minha situaçãode estar sozinhadepois de ter perdido meu alicerceminha segurançameu paiminha vónão é um momento de paz e reflexãocomo muitos romantizamao invés dissoé quando os medos e angústias acordame tomam posse do meu eu O tecido frágil e fino que é a vida Rilke me inspirou em vários de seus poemas e citaçõesquando fala sobre o destino e suas tramassão tramas finas e tão frágeisque podem rasgar a qualquer momentopodem ser rasgadas naturalmentepela mortepor términos e desencontrosdecepçõestudo isso se rasga em um processo lento e entrelinhasnão é explícitonem visívelacontece onde só a alma habitao fio da trama da vidafio esse que pode ser remendadomas assim como um vaso quebradoquando quebrado em pedaços nunca volta a ser o mesmoa trama da vida também nãouma vez perdida, ou rasgadanão se há reparoque faça voltar a ser o que era antesa vida é assimao longo dela vamos sendo remendadospara poder continuarmas nunca como nascemos Ana Amorim Fontana por Ana Amorim FontanaTenho 15 anos, nascida e criada em São Paulo, uso a arte como forma de ressignificar tudo o que sinto de mais pesado e sombrio, e me identifico bastante com o trecho do poema “Motivo”, de Cecilia Meirelles,” não sou triste, nem alegre, sou poeta” A
Parabéns aninha é um orgulho pra qualquer mãe, continue se expressando, você é maravilhosa. Responder