Skip to content

contra o desencanto

  • Sobre KURUMA’TÁ
  • REDE AFETIVA DE CULTURAS
    • Aguaceiro
    • revista cassandra
    • Fazia Poesia
    • Macabéa Edições
    • Na ponta da Agulha
    • NC Curadorias
    • Editora Patuá
    • Revista Sucuru
    • Taioba Publicações
    • Revista Tamarina
    • Toma Aí Um Poema
    • Revista Toró

contra o desencanto

As manhãs e andanças do poeta Lucas Carneiro

Revista Kuruma'tá, 21 de julho de 202221 de julho de 2022

Do inbox mágico da Kuruma’tá, nos chegam os poemas do poeta baiano, de Alagoinhas, Lucas Carneiro. Sempre uma alegria ver que a poesia resiste firme nesse país que precisa valorizar mais o fazer poético. O trabalho de Lucas reafirma a qualidade e diversidade dessa poesia que se faz em todo o Brasil, do Oiapoque ao Chuí, passando por Alagoinhas!

Seja bem-vindo à Kuruma’tá, Lucas. Portas e janelas abertas!


Manhã

sete e quarenta e cinco da manhã
pequenos feixes de luz dão
boas-vindas pela fresta da janela
tapete persa velho
empoeirado
sacolejando com a brisa matinal
mortes são noticiadas cedo pela impressa
jovem negro assassinado
durante operação policial
peste virulenta avançando
sem trégua por toda extensão
pássaro amarelo repousa quieto
sobre a varanda pequenos ruídos
trovões e relâmpagos prenunciam uma tempestade
clima melancólico vagueia pelo território
cama desarrumada, casaco desbotado sobre o aparador
livro de poemas apoiado na cabeceira
Wallace Stevens, sereno, sorrindo
visão matinal me aterroriza
aparição fantasmagórica me deseja um bom dia
e assim todo o caos se inicia, respectivamente
as sete e quarenta e cinco da manhã.

Alagoinhas BA, 23 de janeiro de 2022.

 


Andanças

caminho pelas ruas velhas
turvas, sujas
marcadas por paralelepípedos
riscados em pólvora pelas comemorações
promíscuas de fevereiro

na dobradiça do semáforo
um bêbado, nu e desvairado
direciona sua prédica louca aos espíritos noturnos
que silenciosamente ovacionam
os vândalos barbudos que urinam
alegremente
frente à estátua do poeta

nas avenidas insones
manchadas pelo alarido do povaréu
um corpo
sob uma poça encarniçada
agoniza
atraindo aqueles
a que sem parar
caminham pelas frias calçadas em direção as vielas
ensombradas pela tenuidade
dos lampejos noturnos
onde os vermes
proferem discursos hediondos contra toda a população
nas sarjetas letais do podre planalto central

Alagoinhas, 08 de julho de 2022.


Lucas Carneiro é nascido em Salvador BA, possui 21 anos e atualmente reside na cidade de Alagoinhas. É graduando do curso de letras, língua inglesa e literaturas da Universidade do Estado da Bahia. Atualmente, desenvolve pesquisas sobre poesia moderna em expressão anglófona, com foco no processo de antropomorfização através da força da palavra poética. No curso do período pandêmico, começou a publicar suas poesias com mais frequência.

A AlagoinhasBahiaPoesia

Navegação de Post

Previous post
Next post

Comments (6)

  1. José Pereira Nascimento disse:
    22 de julho de 2022 às 07:14

    Lucas os horizontes estão se abrindo aproveite seu talento e siga em direção ao sucesso sou seu fã além de seu avô

    Responder
  2. Bernardino Feitosa Bezerra Filho disse:
    22 de julho de 2022 às 11:37

    Sucesso!

    Responder
  3. William Carneiro disse:
    22 de julho de 2022 às 13:47

    Um prazer fazer parte da sua familia

    Responder
  4. Gótica disse:
    31 de julho de 2022 às 02:36

    Peter, emergindo no meio do caos com suas poesias intensas.
    Sucesso!

    Responder
  5. Lorena disse:
    13 de outubro de 2022 às 22:54

    Lucas ! quanto talento expressado em palavras, sou tia fã!!!

    Responder
  6. Luiz Eudes disse:
    1 de dezembro de 2022 às 01:20

    Explosivo e denso. Fatal e necessário. Este é o papel da poesia de Lucas.

    Responder

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

A Kuruma'tá é uma publicação da Místico Solimões
e da Rede Afetiva de Culturas

©2025 | WordPress Theme by SuperbThemes