Poema de Felipe Tamuxi

Acabou nosso carnaval e estamos de volta com mais poesia. Hoje é a vez de Felipe Tamuxi, indígena da etnia Krenyê Timbira, paraense de Conceição do Araguaia/PA.


Foto de lubasi [ Sob licença Creative Commons ]

Jacumã

Todo dia
sobe o rio
ao amanhecer.
Na neblina
vai sua canoa,
lampião
aceso na proa.

Traz o peixe
do rio.
Traz o buriti.
Tem farinha
na cumbuca
e o açaí
sem açúcar.

Pescador
no remanso,
mestre
na aldeia.
Na canoa
é jacumã,
mas a vida
é de caceia.

Em cada ilha,
solidão.
Em cada brisa,
a saudade.
Na fogueira,
memória.
E no banzeiro
a verdade.

Em seu rosto,
o passado.
No falar,
o seu jeito.
Hoje é só,
já foi amado.
Só, leva a dor
no seu peito.


Felipe Tamuxi é indígena da etnia Krenyê Timbira, paraense de Conceição do Araguaia/PA, trabalha como professor de biologia em Mato Grosso, atuando em defesa da Educação Escolar Indígena e da Educação do Campo, da divulgação científica e da valorização cultural. Nos momentos de inspiração escreve poesias e contos retratando e valorizando a diversidade de culturas, de vivências e de lutas dos povos amazônidas e indígenas, mas o que exerce com maior devoção é ser pai; sempre dedicando tempo para contar e criar histórias para os filhos Wyana Manitsi e Théo Têky, sempre junto com a adorada companheira de vida, a esposa Ana Manitsi.

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