As quimeras são coloridas feito aquarelas

Eduardo Frota nos chega com mais uma colaboração de sua prosa poética para a nossa Revista Kuruma’tá. Colaboração sempre muito bem-vinda, tanto por nós quanto pelos frequentadores da revista! Isso porque seus textos são veículos, ou passagens. Estamos aqui e, de repente, já não estamos, já não somos. “Um passo à frente / E você não está mais no mesmo lugar”, cantou Chico Science. Mas às vezes esse passo é dentro da gente. Assim Eduardo escreve, de dentro para dentro, em passos firmes.

Toinho Castro

Texto de Eduardo Frota


Lá vai a menina, colorida. Lá vai a menina, convencida. De que a aquarela da vida é mais bonita quando se confunde realidade com quimera.

Ela tem os sapatos vermelhos, feito os da garotinha que andava pela estrada de tijolos amarelos. Pelo caminho, ela desenha com giz árvores frondosas e verdes, carregadas com suculentos pomelos. Ela preferia estar descalça, mas corre ainda que de chinelos.

Assobia uma canção de Noel, Rosa.
Na cabeça, um laço de fita cor-de-rosa.
Não mão, um buquê de lindas e cheirosas, rosas.

Lá vai a menina, toda prosa. Lá vai a menina; nossa! Que linda, de bochechas rosadas. A saia azulada, de bordas rendadas.

Que menina colorida. Que menina prendada!

Foto de Johnny Joo / Reprodução

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