Venha dilacerar os sonhos que me cortam ao meio Revista Kuruma'tá, 7 de janeiro de 202111 de janeiro de 2021 Texto de Eduardo Frota Você pode atirar todas essas lâminas em minha direção. Porém, se os seus olhos precisam estar vendados, por favor, deixe-me manter a boca bem aberta – ela pediu, a ajudante do atirador de facas. Você pode atirar em mim, mas não vai perceber como a luz delimita as fronteiras do meu corpo, como as cores são distrações oportunistas nesse picadeiro, como a posição das nossas sombras engana nós mesmos e a plateia. Você pode atirar todas essas verdades em mim. Ou você pode atirar todas essas mentiras em mim. Porém, se somente os meus olhos podem estar abertos, por favor, não me deixe em silêncio – ela pediu. Você pode atirar em mim com seus sentidos adormecidos. Mas se meu corpo precisa estar desperto, por favor, se eu gritar, esteja por perto – ela pediu, a ajudante do atirador de facas. LEIA outros contos de Eduardo Frota A Eduardo FrotaLeituraProsa poética