Os poemas estão sempre chegando nas águas da Kuruma’tá, vindos de toda parte, de todo tempo. Poemas feitos por gente que anda por aí, que atravessa os campos e as ruas, que senta na varanda para ver a chuva cair, com sua dança, com seu contornar as coisas, ganhar o mundo. Grato, Juraci, por fazer chover hoje, aqui. — Revista Kuruma’tá
Poema de Juraci Augusta da Cruz
Da janela ouço a musica
E vejo a dança
Cai a chuva
Molha o telhado
Rega a amendoeira
Passa na biqueira
Desce e rega a rua
Fazendo-se um rio de riso solto
Cai a chuva
Cantando
O som da via
E a vida canta
Gota após gota
Sem alarde
Num balé de harmonia e paz
Cai a chuva
Ela não machuca
Canta e, suavemente chega ao chão
No chão vira riacho, ao pé da calçada
Não briga com os obstáculos
Rodeia cada pedra e segue
Cantando
Bailando
Numa prece de gratidão
A chuva como a vida, dança
E dançando ensina
A cair sem alarde
Seguir sem se impor
Falar sem gritar, sem levantar a voz
Driblando obstáculos
Dançando livre
A dança da plenitude
Da humildade
E da esperança de virar mar
E amar.
Macaé, julho de 2020


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