Os nossos mortos Revista Kuruma'tá, 2 de novembro de 201930 de dezembro de 2019 Poema de Toinho Castro Hoje é 2 de novembro, dia de finados, dia os mortos. Lá fora, no prédio vizinho, brincam as crianças. lembrei que meus avós, meus bisavós, talvez tenham brincado assim. Talvez tenham corrido pela rua de terra, em alarido, imaginando um futuro que talvez tenha sido outro. Há outros, para além dos meus bisavós, mergulhados num passado que não alcanço. Seus nomes se perderam, as casas em que cresceram. Nada mais existe. Ou ainda existe, num plano paralelo ou transversal a esse? Vieram antes de mim e sobrevivem em mim de um jeito que nem eu entendo. Estão aqui. meus mortos. Meus bisavós, avós da minha mãe onde estãoos nossos mortosse estãose há um lugaralém daquium segundo andaruma sala brancapara se deixarficare se não háesse lugaros nossos mortosonde ou quandodevem estarem que simulaçãode mundoou abismo profundoem que rede postadevem descansardepois de tantodepois de muitodepois desse insanoculto ao mundopergunto-meporque perguntoporque aos vivoscabe perguntarsem respostasencontrarsem janelaspor onde olharpara esse mundopara esse outro mundoesse poço escuroe profundoonde os mortosnossos mortosdevem estar novembro de 2019 A AfetoLeituraMemóriaMortePoesiaToinho Castro
A meu irmão,queria tanto saber,ficaria mais fácil viver,só uma questão de tempo o reencontro,mas que mistério é esse,não encontrei resposta que me console Responder